146.810 MHz – Repetidora do Capricórnio – Campinas – SP
Publicado 17. Oct, 2002 por PY2JF - João Roberto como Repetidoras
Por PY2FI – Fabio Silveira Bueno
Setembro 2002 – Volta ao ar uma das mais famosas repetidoras do Brasil
Re-batizada como “A Repetidora do Barão”, homenagem ao PY2BDJ – Joly (SK), a 146.810MHz está sendo patrocinada pelo PU2TIY – Fred Joly, grande companheiro e herdeiro máximo dos dons do avô. Vale a pena também ressaltar a participação de um dos radioamadores mais ativos do país, bem como peça fundamental neste evento, o PU2VTI – Vitor, “Manda Chuva” e “Big Boss” da grande região Mogiana do “Guaçú”.
Fred, no auge de seus 20 anos, mantém a menina dos olhos do Barão, que completou neste último Agosto seus 24 anos, no ar desde 1978! Tive a oportunidade de subir a montanha, no dia 29 de Setembro de 2002, e visitar um dos locais mais aprazíveis de Campinas e também muito importante na história do radioamadorismo, em companhia de PU2TIY – Fred, PU2VTI – Vitor e PY2TXT – Xandão. Neste artigo, registro um pouco do misto de saudade e prazer de estar em um dos mais belos locais da cidade de Campinas, com muita expectativa pelo futuro desta excelente repetidora.PU2TIY – Fred Joly
O prefixo BDJ deu ensejo à expressão que eu mesmo criei para designar o Joly – Barão De Jaguará – pessoa metódica e carismática – o Joly realmente tinha todo o jeito de Barão. O Barão de Jaguará, na verdade, foi um fazendeiro e cafeicultor muito famoso em Campinas. Seu nome real era Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra, um grande inovador e o primeiro diretor da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em 1872. Portanto é duplamente feliz o novo nome, “Repetidora do Barão”.
Localização – A Suíça brasileira com sotaque mineiro – dentro de Campinas!
Localizada no morro das Cabras, a 1050 metros de altitude dentro do Observatório do Capricórni0 (Ver mapa), esta posição é o ponto mais alto dentro da região de Campinas. O local é extremamente estratégico por possibilitar um acesso privilegiado para o Sul de Minas e região de Atibaia, pontos completamente nulos dentro da cidade de Campinas no VHF devido à série de cordilheiras que se apresentam na região leste da cidade. A noite é possível avistarmos as luzes piscando do Pico do Jaraguá.
Para quem não se interessa por rádio, o Pico das Cabras é uma atração de raro prazer. Além de se respirar um ar inigualável da montanha, pode-se contar com a paisagem bucólica, que mistura o charme dos Alpes suíços com o pitoresco clima brasileiro. Aos domingos você poderá encontrar vários grupos fazendo trekking de bicicleta, caminhando ou mesmo passeando de carro. Encontrará pessoas que vão dos sessenta anos até as jovens e lindas “top models”, que vão para lá para lá aprimorar o físico e dar uma folga à cabeça.
Você poderá ver fazendas que já foram palco de filmes nacionais e notabilizaram o local como sendo de um especial mistério e misticismo.
Vista do Observatório do Capricórnio inaugurado em 1977
Antigamente chegar ao Pico das Cabras era uma operação difícil. Havia uma estrada muito ruim de 18km de terra, que começa após o Distrito de Joaquim Egídio, depois de Sousas. Quando chovia muito, era quase impossível mantermos a repetidora, tínhamos que esperar por dias mais secos. Hoje, só restaram 5km de terra, 13km são de ótimo asfalto. Andar na estrada que dá acesso ao observatório é algo muito interessante, que não deixa nada a dever para estâncias climáticas como Serra Negra ou Atibaia.
Um pouco da história – Vamos registrar alguns fatos interessantes
Nem sempre a história é do interesse dos que não participaram dela, mas realmente espero que você, ao apertar o microfone na 146.810MHz, entenda um pouco do que está por trás dos seus bastidores.
Como nasceu
A Capricórnio nasceu de um grupo de radioamadores de Campinas que se juntaram e encomendaram a repetidora e duplexador da antiga empresa nacional Telepatch, isso nos meados de 1978. Naquele tempo comunicação era algo muito controlado pelo governo militar, sendo o Dentel, na época, um órgão de peso e com extremo poder, que impunha respeito sobre qualquer cidadão.
A intenção inicial do grupo, liderado pelo PY2GSP – Oliveira, representante da LABRE (A LABRE era uma associação obrigatória aos radioamadores da época, onde todos eram obrigados a ser sócios pagantes) em Campinas, de colocar a repetidora no bairro Castelo. Na verdade, eu era criança na época, mas me lembro que o PY2JAC – Cardinali, foi o primeiro que nos falou do tal morro das Cabras, pois ele morava em Sousas e conhecia a região, especialmente a fazenda dos Borghi e dos Milani, que ladeavam o morro.
Um dia em caravana, uns vinte radioamadores subiram a montanha para reconhecimento do local, e posso me lembrar de:
Grupo Fundador
PY2QW – Wanderlei Zalochi
PY2GSP – Oliveira
PY2JAC – Cardinalli
PY2COV – Osmar Villela (†)
PY2EMD – Shubert (†)
PY2BDJ – Joly (†)
PY2SP – Josué (†)
PU2XKK – Amauri
PY2ERO – Aymoré
PY2WLU – Luis Augusto
PY2GSB – Gilberto Silveira Bueno
PY2FI – Fábio Silveira Bueno (naquele tempo sem prefixo)
PY2FLI – Dr.Alvaro Ferreira
PY2UG – Jorge
PY2MX – Romano Bacci
PY2JPC – Penna Chaves
PU2VWL – Enio Cerqueira Leite
PY2BON – Nelson Bandeira da Silva (responsável pela repeditora)
PY2TYT – Idelmo
PY2APC – Antonio Perina
PY2AUC – José Vicente (pioneiro em repetidoras de Campinas – 146.660MHz)
PY2FHJ –Henrique (naquele tempo Campineiro de final de semana)
A repetidora era parada dos tropeiros e pastores das cabras
Depois disso, num antigo estábulo desativado na beira de estrada, dentro da propriedade do observatório, foi construída a casinha que abriga até hoje a repetidora, inicialmente com uma torre de 10 metros emprestada pelo PY2JAC – Cardinali. Contamos com a aprovação do antigo prefeito de Campinas, Francisco Amaral. Naquele tempo radioamador era considerado um apoio da segurança nacional, e tínhamos peso na sociedade. Além do mais não eram quaisquer pessoas que conseguiam entrar neste hobby, pois havia um controle muito forte no âmbito da obtenção da licença. Enfim, através de um decreto do prefeito, conseguimos o uso-fruto perpétuo da área.
Casinha e torre da Capricórnio
O primeiro furto de repetidora do Brasil
Logo nos primeiros meses de instalação, a repetidora que operava na freqüência de 147.800MHz -1600 foi inexplicavelmente furtada. Fazíamos história novamente, pois foi o primeiro fato desse tipo que se tinha registro, pois equipamentos de comunicação eram vistos como algo muito místico (de uso militar ou da polícia) e poucos larápios se atreviam a investir nestes assuntos, muitas vezes considerado de segurança nacional. Agora vocês podem perguntar – quem furtou a repetidora?
Coincidência ou não, eu estava ouvindo a 147.800MHz naquela noite. Eram umas três da manhã quando no câmbio de um radioamador ela simplesmente desligou! Anos depois partes da repetidora foram parar na casa de um famoso técnico da cidade, que avisou o PY2VLS – Adolfo. Infelizmente as pessoas que tentaram comercializar as partes da repetidora acabaram por falecer em acidentes automobilísticos ou por outras causas estranhas. Foi a maldição da Capricórnio. Enfim, as evidências apontavam que rádio operadores tinham levado e desmontado o equipamento!
Os oito chifres da colinear entram em ação – A calçada da Fama
Novamente houve outra cotização, e em 1979 compramos uma nova repetidora, agora na freqüência de 147.820MHz -1600. Foi ai que entrou literalmente no ar uma torre de 22 metros, e logo depois uma colinear de 8 dipolos encomendada para o PY2BDJ Joly, pelo grupo de radioamadores. Neste tempo a Capricórnio teve seu tempo de glória. Era a repetidora mais utilizada de São Paulo, tipo a “calçada da fama” do rádio. Desbancamos até a tradicional Chapéu de Palha, que contava com 1600 metros de montanha. Uma testemunha da qualidade da repetidora, era na época o mais famoso usuário das rodovias Bandeirantes e Anhanguera, o PY2FHJ – Henrique, que ía de ponta a ponta falando na “Chifrudinha” (apelido carinhoso da repetidora), quando ele vinha todo o final de semana de São Paulo para Campinas.
Dos 8 dipolos – hoje temos 4. Na Lateral – Antena da
224.700MHz – Repetidora VITIX (Vitinho e Xandão)
Era o puro amor a arte
Certa noite, recordo-me bem, saímos com a repetidora no colo e subimos a montanha. O PY2BDJ – Joly, PY2VBB – Paulo Cuiabano e eu. Simplesmente batemos em uma chave que ficava em cima da repetidora e o CW (famoso “guardinha” como dizia o Joly) se perdeu. Ficamos no morro até as 5:00h da manhã tentando restaurar a gravação – sem pleno sucesso. Era o puro amor a arte. Bons tempos!
A era do ZE
A partir de 1982, quem acabou mantendo a repetidora por uns dez anos foi o Adolfo Lenzi Junior, antigo PY2VLS e depois PY2ZE.
E Caiu a torre – o pesadelo de todo radiaomador
Em 1985, a torre de 22 metros acabou não resistindo a uma rajada de ventos fortes e foi ao chão. Recordo-me bem que estávamos com a repetidora reserva, já na freqüência de 146.820MHz –600, e não acreditei a hora que chegamos lá em cima, eu e o Perina, vendo tudo despedaçado no meio da estrada. A repetidora foi puxada para o chão e o duplexador tinha levado um belo solavanco, pois estava conectado direto no cabo da antena. Recuperamos a torre, e dias depois, ela voltou com apenas dez metros, exatamente como se encontra hoje.
A era Joly
A partir de 1992, quem assumiu a manutenção integral do local foi o Joly, até o ano passado, quando faleceu.
E vamos com a Repetidora do Barão – para o futuro de Echolink!
Logicamente na era dos celulares e das comunicações two-way via satélite, a importância pragmática das repetidoras para o radioamador não existe mais. Contudo, manter a repetidora do Barão não compensa só pelo fato de deixarmos viva a história de 24 anos de rádio em Campinas. Significa também a representação clara de Campinas e de seu radioamadorismo no estado de São Paulo, deixando à disposição da defesa civil e também da polícia Militar um ponto de apoio e de contingência de comunicação, que se espalha penetrantemente por um raio de 200Km de Campinas. O Fred brevemente colocará o Echolink na repetidora, tornando possível que ela fique acessível em qualquer parte do mundo via Internet (este rapaz vai longe)!
O PY2TXT e o PU2VTI instalaram a 224.700MHz (repetidora VITIX) na montanha, agregando mais valor ainda ao Capricórnio. Por isto, faço um apelo aos radioamadores de boa vontade que apóiem esta iniciativa. Temos que preservar este local privilegiado, apoiando o Fred Joly neste importante intento de manter esta repetidora sempre funcionando da melhor maneira possível! Importante: Antecipadamente agradecemos a Ilma. Sra Prefeita de Campinas Izalene Tiene, por concordar em receber uma comissão de radiaoamadores, que irão reivindicar uma série de melhorias para o local do observatório do Capricórnio para a repetidora.
gerson
May 19th, 2011
qual realmente é a frequencia desta repetidora. em do website diz uma frequencia, em baixo diz outra, qual sub ton
Francis
Feb 8th, 2012
Olá,
A repetidora já está com o node do Echolink?
Existe alguma outra com acesso ao Echolink em Campinas?
Desde já agradeço e 73’s!
Francis
Rinaldo
Aug 15th, 2012
Olá, estamos tentando refazer uma repetidora igual a esta da foto do PU2TIY, uma Telepatch. Procuramos algum material sobre ela (fotos, esquemas, manual, etc). Seria possivel disponibilizarem algo.
Antecipadamente agradecemos.
PU5BRA – Rinaldo.
Clube de Radioamadores de Joinville. SC
Fabio Silveira Bueno
Jun 19th, 2013
Colega Rinaldo – caso queira o esquema da rv01 favor mandar email para fabiosilveirabueno arrouba gmail.com
Marcelo
Dec 8th, 2016
Quero saber qual a frequência certa da repetidora se é 146,810 ou 146,820 qual subtom e o offset. Desde já fico grato. 73 a todos.
PY2JF - João Roberto
Dec 8th, 2016
146.810MHz subtom 82.5HZ.
Marcelo
Dec 27th, 2016
Não tem subton?
Marcelo
Dec 27th, 2016
Quero dizer offset?